UMA QUESTÃO DE FUNDO – SURF BOARD BOTTOMS

Sobre as componentes básicas de uma prancha de surf estudámos o “rocker”. Desta vez vamo-nos debruçar sobre o segundo elemento que mais influi na configuração da parte da prancha que está em contacto permanente com a superfície aquática: o próprio fundo (ou “bottom”) da mesma. Se o “rocker” é a curva do fundo da prancha sob o especto longitudinal (sentido bico/rabeta), podemos considerar o “bottom” propriamente dito como o fundo visto no sentido “rail-to-rail”, isto é, de borda a borda. Tendo a longarina (“stringer”) como centro, o “bottom” apresenta diversas variações, geralmente combinadas na sua extensão, que analisamos a seguir:

1- “V” BOTTOM
Facilita a troca de bordas porque torna a prancha mais solta. No entanto, se a sua aplicação for excessiva em termos de ângulo ou usada em áreas inadequadas, retira a pressão e velocidade à prancha. Atualmente, com a adoção de fundos mais “flat”, o “V” não tem sido utilizado com a frequência de até há bem pouco tempo atrás, quando surgiu como se fosse o ovo de Colombo do “shape”.

2- FLAT BOTTOM
É o tipo de fundo que predomina na maior parte das pranchas atualmente. Encontrado normalmente do bico até o meio da prancha, tem sido usado também entre as quilhas e na área da rabeta, por garantir maior pressão do que o “V” e facilitar as desgarradas, proporcionando simultaneamente maior pressão e soltura à prancha.

3- RELEASE
É um pequeno caimento (“V”), somente nas bordas, do “edge” (linha que separa a curva de borda do fundo propriamente dito) até aproximadamente cerca de 3 polegadas no sentido do “stringer”. Torna a prancha mais solta, ajuda a descolar o fundo nas trocas de bordas e facilita muito manobras como batidas, “cutbacks” e suas variações. É muito usado atualmente, combinando com o fundo “flat”, principalmente no meio da prancha.

4- CONCAVE
É o oposto do V “bottom”, tanto visualmente como sob o aspeto de funcionamento: alinha e faz com que a água corra mais rápido no sentido bico/rabeta, aumentando a pressão e a velocidade da prancha. O concave torna a prancha mais dura, necessitando de mais curva de “rocker” para garantir maneabilidade. O concave sob o pé da frente ajuda à aceleração da prancha e facilita os “floaters” e “reentries” em velocidade. Também proporciona segurança e controle sobre a espuma. Uma variação de concave atualmente muito usada, principalmente nas pranchas de competição, é o “double concave”, por muitos ainda chamado erradamente de “bonzer”. Outra variação encontrada é o “triplane concave”. Lançado pelo shaper Matt Kechelle da Costa Leste dos Estados Unidos, essa é uma combinação de “V” com “double concave”. Os canais são outra variação de concave, que proporcionam maior velocidade e direção. Muito usadas atualmente saindo na rabeta, encontradas nas pranchas de Matt Hoy e de Matt Archbold, como se pode constatar, é ideal para quem surfa mais com o fundo, e que aplica mais força na rabeta. Direciona um pouco a prancha.


NOVAS TENDÊNCIAS
Atualmente, os fundos tornaram-se cada vez mais flat. O “V”, quando encontrado, está somente entre as quilhas, excetuando os casos das “guns” e “semi-guns”, que necessitam de maior maleabilidade. Mas a principal tendência encontrada nas pranchas de competição é o fundo “flat” com concaves, “double concaves” e/ou canais entre e à frente das quilhas, combinado com uma maior curvatura no “rocker”, o que proporciona maior pressão, com as manobras rápidas em espaços de onda mais reduzidos, características fundamentais do surf moderno.