23 Mai 8 PERGUNTAS – SURF QUERY
1 – Quanto tempo devo esperar até levar uma prancha nova para dentro de água? Já me disseram que devemos esperar alguns dias para a fibra ficar no ponto.
O processo de “cura” da fibra não tem fim. Segundo o David do Surf Odyssey em Hossegor, a resina / fibra nunca fica realmente no ponto ideal, mas fica a 80% se esperares duas semanas e perto dos 100% esperares um ano, mas nunca chega aos 100%, por isso escusas de esperar tanto tempo… deixa a prancha duas semanas a curar à sombra num ambiente seco e podes fazer-te ao mar.
2 – Porquê utilizar quilhas de fibra de vidro em vez das FCS?
As quilhas removíveis, como é o caso das FCS, são realmente mais práticas para viajar, já que permitem levar mais pranchas numa só capa e dificilmente se estragam. No entanto, os últimos anos, alguns pros têm preferido as quilhas em fibra de vidro por considerarem que são mais leves que têm outro “feel”. A desvantagem destas quilhas é que não as podes mudar em função das condições de mar ou experimentar quais as que melhor se adaptam às tuas pranchas e/ou estilo de surf. Para quem viaja muito e prefere quilhas de fibra de vidro, há uma boa técnica que consiste em cortar um bocado de esferovite com a forma do tail da prancha e escavar três encaixes para as quilhas. Seja como for, não há como negar: as quilhas removíveis são realmente mais práticas, tanto para viajar como para o dia-a-dia.
3 – Alguma dica para manter a minha prancha nova sempre branquinha? É tão linda que nem quero pensar que possa ficar amarelada daqui a uns tempos.
Usa sempre uma capa, seja das mais simples de tecido ou daquelas todas acolchoadas, para evitar “dings”, riscos e para manter os raios solares longe da tua menina. Sempre que fizeres um “ding’ deixa a prancha secar e manda arranjar o mais depressa possível. Outra dica valiosa é a que o Robbie Page dá a toda a gente que vê a passar wax na prancha com as quilhas e a parte de baixo da prancha apoiadas no alcatrão do estacionamento: “Que é isso meu? Esse é o lado mágico da prancha! Nunca faças isso, apoia a prancha nas pernas ou noutro sítio qualquer.” Tem toda a razão.
4 – Que história é essa de pôr wax nos “dings” para evitar que entre água na prancha? Já me disseram que não serve para nada… então e se for um autocolante ou fita adesiva?
Há quem recorra ao wax para tapar “dings”, como último recurso quando estão altas ondas e não há tempo para arranjar a prancha, mas o nosso conselheiro especializado — Howie — diz-nos que é uma péssima solução, porque deixa sempre entrar alguma água e mesmo cá fora continua a ser um problema porque não deixa a zona afetada secar. Um autocolante ou fita adesiva impermeável (desde que colocados com todo o cuidado) são medidas temporárias satisfatórias, o que não invalida que o arranjo adequado deva ser feito quanto antes.
5 – Ando com imensos problemas de ouvidos. Posso fazer alguma coisa para prevenir infeções?
Antes de mais consulta um especialista. Desde que não tenhas uma exostose e que essa não seja a causa dos teus problemas, podes tomar algumas medidas de prevenção em relação aos teus problemas de ouvidos. Usa tampões para os ouvidos (os de silicone são os melhores) para que estes fiquem sempre secos e a salvo do vento frio. Há quem ponha umas gotas de óleo de amêndoas doces, de forma a criar uma fina camada oleosa e impermeável nas paredes do ouvido, mas a melhor proteção é mesmo a natural, ou seja, a cera dos ouvidos. E nunca uses cotonetes para limpar os ouvidos, isso sim, é meio caminho andado para ter infeções.
6 – Estou de partida para a Indonésia e já ouvi dizer que é quase impossível não me cortar nos corais. Qual a melhor maneira de tratar estes cortes?
Pois é, esses cortes são sempre ótimos para mostrar aos amigos quando voltamos de férias, são as provas definitivas das surfadas épicas que fizemos! O problema é lidar com eles logo a seguir ao desastre…. É verdade que há algumas bancadas de coral bastante agressivas na Indonésia, mas é preciso ver que muito desse coral está morto pelo que os riscos de infeção são bastante menores. Ainda assim, todo o cuidado é pouco. Se a ferida estiver realmente feia, tens que começar por limpar (atenção aos bocadinhos de coral que possam estar lá dentro) com lima. Vais sentir dores como nunca imaginaste, mas os resultados são garantidos. Depois da ferida limpa e desinfetada, o difícil é mantê-la sempre assim (suor, areia e humidade elevada não ajudam) e a única solução é fazer disso uma tarefa diária, caso contrário vai surgir uma infeção muito rapidamente. Pois é Vincent, os tubos indonésios são realmente bons, mas há um preço a pagar…
7 – Os surfistas mais velhos costumam dizer que surfar cura as constipações. É mesmo assim?
Não é bem assim. Se estiveres com o nariz entupido por causa de uma alergia, aí sim o surf é um bom remédio. Aliás, é mesmo daí que vem o mito da cura das constipações, porque muita gente confunde os sintomas de uma constipação com os das alergias. O melhor é ficar uns dias fora de água e quando já estiveres curado da constipação, mas o nariz ainda estiver entupido, podes ir dar uns mergulhos (com ou sem prancha) só para desentupires.
8 – Sempre que surfo de manhã cedo fico todo preso. As primeiras ondas são uma desgraça, não consigo mexer-me em condições. Que tipo de aquecimento devo fazer antes de entrar na água?
Atualmente discute-se muito em torno deste tema, havendo quem defenda alongamentos e quem diga que se deve fazer algo mais intenso como correr. Se acabaste de sair da cama, o teu corpo ainda está meio adormecido e o ritmo cardíaco é muito baixo, pelo que correr 5 minutos na praia ou dar uns saltos só para “arrebitar” um bocado, pode ser o suficiente. Se queres alongar o corpo, ótimo, mas lembra-te que para isso também precisas de aquecer.